Impedido de cumprir sonho no futebol, deu a volta na moda
Começou no Vitória de Guimarães, nas escolas de formação, passou pelo Moreirense, mas foi no FC Vizela que permaneceu mais tempo neste seu percurso. Foi no regresso ao Vitória que assinar, finalmente, um contrato profissional chocou com lesões graves num joelho e com a pandemia. Com ela, o corte que, inevitavelmente, os clubes tiveram de adotar para fazer face às necessidades e dificuldades.
Foi aí que o Miguel percebeu que teria de ficar por ali o sonho. Pelo menos este sonho.
“Segundo me dizem os meus pais, a minha primeira palavra foi “bola”, e sempre dormi com uma, mas as coisas não correram da melhor forma”. Mas a história do Miguel Soares não fica por aqui. Ainda entrou na universidade, em relações internacionais na área de comércio, no ISCAP, mas não era bem aquilo e resolveu congelar a matrícula. Logo ali percebeu que tinha uma página para virar e recomeçar outro livro, o da moda. “Não foi difícil virar a página, quando meto uma coisa na cabeça, esqueço rapidamente o que está para trás e consigo me focar no que está para vir”. “Sempre quis ser jogador profissional, não deu, mas continuo a jogar futebol, o que me permite não desligar”. Alinha atualmente no Torcatense, dos campeonatos distritais, porque é dentro de campo que continua a gostar de estar, é lá que esquece todos os seus problemas.
Abandonar forçosamente o sonho do futebol profissional, não deixou mágoas: “Pelo contrário, trouxe-me muitas amizades, muitas coisas boas à minha vida e muitos ensinamentos, por isso, só tenho a aprender com isso”.
O passado familiar do Miguel conta com o avô, que tinha uma pequena confeção que empregava a sua mãe. Aliás, era lá que o Miguel passava o tempo na companhia dos amigos que chamava para o meio do tecido. E hoje, o avô continua a ser um dos seus maiores pilares. “Não me imagino sem ele sequer”.
“Juntei paixões e lancei a minha marca”
Não perdeu tempo, ainda em 2020 criou a marca própria, a “BYMS” e agora só quer continuar a crescer. “Surgiu esta oportunidade de me lançar, eu também sempre gostei de roupa, de me vestir e de andar apresentado, então juntei paixões e lancei a minha marca com um conceito ligado ao futebol, inspirado em jogadores que eu considero lendas. Assim comecei a minha jornada”, conta.
Logo se percebe que o Miguel tem tudo rigorosamente planeado, a partir da sua unidade de produção em Ronfe, Guimarães. A marca tem de crescer de forma sustentada. A ideia é projetá-la em lojas multimarcas em algumas zonas do país para que os interessados possam experimentar antes de comprar. “Queríamos ser acessíveis a todos antes de comprarem, neste momento, estamos a estruturar os pilares da marca de uma maneira muito sólida, mas é algo no qual nos queremos focar no próximo ano, estar num maior número de lojas multimarcas”, conta. As peças, diz ainda, são de acessibilidade mediana. “As matérias-primas que usamos, são todas produzidas em Portugal, o que torna as peças um pouco mais caras, mas posso dizer que são acessíveis porque trazemos a qualidade de marcas de luxo, para um patamar mais acessível, o objetivo é esse, para que as pessoas possam andar com qualidade, e, com o foco ambiental, tendo qualidade a durabilidade será maior”.
Da sua empresa saem as peças prontas, envio é feito por encomenda, via online, o jovem é responsável pelo design das peças, pela produção, pelo controlo de qualidade e também pelo envio.
A última novidade é o Fato ‘14’, inspirado num dos seus ídolos do mundo do futebol, Johan Cruyff. “A sua abordagem ao jogo, marcada pela inovação e resiliência, foi o que sempre aspirei a incorporar na minha própria vida e carreira. Sonhei com o dia em que poderia homenagear Cruyff, juntando o seu estilo icónico e o seu espírito indomável numa peça que eu mesmo criei”. Além de Cruyff, inspira-se em Maradona, Ronaldo e Péle. Nesta altura, a sua equipa está empenhada num podcast que estará prestes a sair e que contará com convidados de renome, ligados ao futebol, como o Fernando Meira, e até mesmo à música, como o Fernando Daniel, aliás, já cliente da marca. O objetivo é contar histórias de vida, lições sobre resiliência e superação.
“Os meus pais e o meu avô são pilares essenciais na minha vida e sempre me ensinaram a ter os pés bem assentes na terra. Fui aprendendo, as pessoas inteligentes aprendem com os próprios erros, os sábios aprendem com os erros dos outros. Assim deve ser”, remata.
