Terapia da Fala: Disfagia

Ana Luísa Ribeiro e Patrícia Fernandes

2018-05-30


A disfagia é uma perturbação da deglutição caracterizada por uma alteração na capacidade de manipular, sentir, mastigar e/ou engolir os alimentos (sólidos ou líquidos). Esta alteração pode ocorrer em alguma das fases do percurso do alimento desde a boca até ao estômago. Quando a segurança deste percurso se encontra comprometida, pode ocorrer a entrada de alimento na via aérea e desencadear uma pneumonia de aspiração. 
As causas da disfagia podem ser de origem neurológica (AVC, TCE, tumores cerebrais ou doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer) ou mecânica (tumores da cabeça e pescoço). 
Existem alguns sinais e sintomas que podem indicar a presença de alteração da deglutição, tais como: tosse antes, durante e/ou após a deglutição; dificuldade em controlar o alimento na cavidade oral; dificuldade em mastigar o alimento; sensação de alimento preso na garganta; dor ao engolir; necessidade de várias deglutições para uma porção de alimento pequena; saída de alimento pelo nariz e infeções respiratórias frequentes. Mesmo no envelhecimento saudável, que é caracterizado por mudanças graduais e adaptativas, pode verificar-se uma diminuição na eficácia da capacidade de engolir. 
A presença de uma alteração da deglutição pode ter como consequências a perda de peso e problemas nutricionais graves. Estas pessoas apresentam elevado risco de desnutrição e desidratação. A adaptação da dieta com restrição de consistências e/ou alimentos pode provocar diminuição do apetite, do prazer na alimentação e levar a situações de isolamento social. A intervenção na disfagia deve ser realizada por uma equipa multidisciplinar, de forma a promover o bem-estar físico e nutricional do paciente. O papel do terapeuta da fala consiste na avaliação biomecânica e funcional da deglutição, de forma a averiguar as competências da pessoa e adaptar a dieta. A par disso, este profissional define estratégias compensatórias e manobras facilitadoras da deglutição. O terapeuta da fala também avalia a segurança da alimentação via oral (pela boca), de forma a perceber a necessidade de colocação de uma via de alimentação alternativa. A intervenção nesta perturbação também pode contemplar a execução de um plano de exercícios que promovam uma deglutição segura e eficaz.