Editorial 13 de dezembro de 2018

Fátima Anjos

2018-12-13


Será este domingo que terá lugar mais uma edição da Festa de Natal das Crianças da Rádio Vizela e que este ano terá a particularidade de se realizar na Praça do Município (no Fórum Vizela), bem no centro da Cidade de Natal.

Será o resultado de dois meses de preparativos a pensarmos no “presente” que este ano queremos oferecer à nossa comunidade, principalmente, às nossas crianças. Mas podemos, desde já, garantir que vamos ter um espetáculo que promete surpreender de início ao fim e feito pelas gentes da nossa terra.

Além disso, nunca é demais recordar, que existe uma causa social aliada a esta iniciativa e que a Rádio Vizela abraçou, não porque é Natal, mas por considerar que não poderia perder esta oportunidade para mostrar que, por muito que se apregoe que não existe pobreza, existem vivências muito difíceis que facilmente nos apressamos a julgar. Mas há um exercício que faço muitas vezes, porque também tenho, por vezes, a dificuldade de compreender algumas ações (sou humana), e que é o de me tentar colocar na pele das outras pessoas. Normalmente produz resultados.

Vamos fazê-los juntos desta vez e vamos tentar colocar-nos na pele daquela mãe. Estou sozinha, porque o pai é ausente, e também estou sem emprego. Tenho dois filhos. Um é adolescente, ainda estudante, e o outro sofre de uma deficiência mental crónica. Sobrevivemos com os parcos rendimentos dos meninos. Sim, é verdade tenho ajuda do Programa Alimentar e de alguns familiares. Mas a vida tem sido muito dura comigo. Neste Natal só peço algum conforto. Olhar para a dispensa sem tem de pensar no que preciso sem ter dinheiro para comprar. Dizer aos meus filhos que amanhã vamos poder ir jantar fora e, talvez no final, até ir ao cinema. Sim, é verdade… Eu só queria o vosso Natal… Os meus dias são todos iguais e em todos eles tenho que dizer não. “Não ao leite achocolato, não ao bolinho”.

Meus leitores, peço desculpa, desta vez, não consigo fazer o exercício.

 Não consigo colocar-me no papel daquela mãe. Não vivi aquela situação. Apenas sou mãe e já dói muito só de pensar se um dia tiver de dizer “não” tantas vezes ao meu filho.

Por isso, se sente o mesmo, terá este domingo a oportunidade de ajudar esta família. A mãe pediu apenas “coisas para pôr na mesa”, que lhe possam aliviar a alma nos próximos meses. Poderá entregá-las no decorrer da nossa festa.

Um obrigada a todos que possam vir a contribuir!