As paixões não se discutem

Manuel Marques

2019-12-05


Em 1986, nos peditórios que nós, fundadores da “pirata” Rádio Vizela, fizemos de porta a porta pela vila de Vizela, ouvimos de muitos daqueles que nos receberam e ajudaram a pergunta se a nova estação radiofónica ia transmitir os relatos do FC Vizela.

Aí sentimos que a paixão pelo Vizelinha dizia respeito a muito mais pessoas do que aquele punhado de adeptos que marcava presença nos jogos do Agostinho de Lima.

Hoje, cerca de 34 anos depois, sentiu-se novamente essa grande evidência (de gostar sem estar presente) na receção do FC Vizela ao Benfica.

Em cada lar vizelense que acompanhava o relato da Rádio Vizela ou a transmissão da RTP (o programa televisivo com mais share naquele dia), gritou-se de alegria e a plenos pulmões, homens e mulheres de Vizela que nunca foram ao estádio, o golo que Samu guardará para toda a sua vida.

Os vizelenses, quero aqui chegar, têm esse condão de sentir o pulsar das causas da sua terra mesmo à distância. Não sendo visível a sua presença, ela é comparável ao brilho das estrelas que sempre está lá, mesmo sem se ver.

Três décadas depois de ter ido para o ar a primeira emissão da Rádio Vizela - a tal que ainda hoje acompanha o FC Vizela para todo o lado - eis que vai ocorrer nesta estação o primeiro ato eleitoral com duas listas.

O sufrágio apenas diz respeito direto aos cerca de 40 cooperadores pois caberá a estes votar e decidir quem deve gerir a Rádio Vizela nos próximos três anos.

Podia-se até dizer, se a arrogância e a grosseria fossem aqui chamadas, que “quem está de fora racha cavacos”, mas não.
 
Todos os vizelenses, como aqueles que não vão ao estádio, mas gostam do FC Vizela, têm pleno direito de sentir a Rádio Vizela, porque foi para eles e para Vizela que nós a fundámos. E com o seu apoio.

Claramente, nos últimos anos, a fundação da Rádio Vizela e a criação do concelho foram as páginas mais bonitas e influentes da história da nossa Terra.

Perpetuar o que de bom Vizela tem, seja em que quadrante for e com quem for, é uma obrigação universal. Como é obrigação de todos os dirigentes, políticos, líderes, comandantes, chefes, etc. colocar o que é de todos ao serviço de todos. É assim que os vizelenses sentem.