Oposição "salva" edil de moção de censura da bancada PS

Moção de censura a Dinis Costa foi ontem apresentada na Assembleia Municipal de Vizela.

Agostinha Freitas, líder da bancada socialista na Assembleia Municipal de Vizela (AMV), apresentou a moção de censura à conduta do presidente da Câmara Municipal de Vizela (CMV), eleito, precisamente, pelo PS. Foi a oposição que “salvou” Dinis Costa que ameaçou abandonar a AMV, realizada na terça-feira, dia 27, em Santa Eulália.

A líder do Partido Socialista (PS) na AMV, no período destinado à intervenção dos deputados, foi quem lançou a bomba. “Vizela não se pode desenvolver à custa da opinião de alguns, nem pode florescer se tomarmos decisões que não ouvem o povo, mas sim alguém que quer falar por ele”, disse Agostinha Freitas, abrindo, desta forma, caminho para a moção de censura que viria a ser apresentada.

“Considera esta Assembleia de bom-tom, além de uma descarada violação do protocolo, que na visita do senhor Ministro da Economia a terras termais não tenha sido convidado nenhum membro desta Assembleia. E já nem digo os líderes ou os senhores deputados, mas nem o presidente da Assembleia Municipal?! E relativamente aos vereadores da Câmara, só lá estavam dois?! Eu olho para ali [mesa onde se encontrava o Executivo PS e os vereadores] e conto pelo menos cinco, fora aqueles que foram eleitos e não estão ali [referindo-se a Miguel Lopes que não se encontrava na sessão]. Os senhores presidentes da Junta também não foram convidados?! Estranho. É que olhando para as fotografias fico em crer que (…) os eleitos do poder Executivo desta cidade foram afinal as pessoas que fazem parte dos gabinetes e mais um conjunto de pessoas escolhidas segundo um critério que eu não consigo entender e que não faz qualquer sentido”.

Depois das perguntas, em jeito de crítica, ao presidente da CMV, Agostinha Freitas apresentou, em nome do grupo socialista, uma moção de censura à conduta do senhor presidente pela democracia e liberdade política: “O concelho de Vizela recebeu a visita do Ministro da Economia (…) lamentavelmente, e não obstante de se tratar de uma visita oficial de um membro do Governo e de cariz político-municipal, o senhor presidente da Câmara, na mesma linha de anteriores decisões, decidiu não convidar para o referido ato qualquer vereador - a não ser aqueles que tenham pelouros atribuídos -, qualquer membro da Assembleia Municipal, nem sequer o senhor presidente da Assembleia, qualquer presidente de Junta ou qualquer membro das Assembleias de Freguesia”. Segundo a moção lida por Agostinha Freitas, “o senhor presidente da Câmara transformou a visita oficial do Ministro da Economia num ato exclusivamente de cariz político-partidário no âmbito do qual apenas participaram os membros do Executivo em funções e de membros dos gabinetes de apoio da autarquia”.

 

 

Desta forma, o Grupo Parlamentar do PS pretendia “censurar a atuação do presidente da Câmara pela falta de cultura democrática consubstanciada na ausência de convites aos eleitos locais no âmbito da visita oficial efetuada ao concelho de Vizela pelo Ministro da Economia”.

 

“Estamos perante um facto muito triste”

 

Depois de ouvir Agostinha Freitas, Dinis Costa, presidente da CMV, esclareceu que ele próprio foi convidado a estar presente na inauguração da Fábrica de Calçado Atrai e que o Ministro da Economia já havia dito anteriormente que quando viesse a Vizela iria passar pela Mundotêxtil. “Não aceito lições democráticas, muito menos da sua parte”, disse o edil a Agostinha Freitas.

“Estamos perante um facto muito triste”, começou por dizer Fátima Andrade, líder da bancada da coligação PSD/CDS-PP. “Estou a ver que aquilo que vossa excelência [presidente da AMV] - muito sabiamente - pediu na reunião de líderes de que não fizéssemos campanha eleitoral - e isso inclui, senhor presidente, a troca de galhardetes que aqui foi feita. Dá-me a impressão que não vale a pena fazer Assembleias para isto”.

Fátima Andrade pediu tempo para reunir com a sua bancada e no regresso afirmou que “a coligação não concorda” que a moção seja recebida pelo presidente da AMV.

Já António Monteiro, da CDU, apelidou esta iniciativa do grupo socialista de “show político”: “Como disse a doutora Fátima, na reunião de líderes, concordámos em que neste último ano não deveríamos aproveitar esta assembleia (…) para fazer política”. “Não estou de acordo que esta moção seja apresentada e se for, obviamente, que não a vou votar”.

Agostinhas Freitas voltou à carga dizendo que não se tratava de uma questão política: “Quem está a confundir questões partidárias com questões da Assembleia são vossas excelências. Isto é uma questão da Assembleia. Os membros da Assembleia não foram convidados”.

O edil Dinis Costa tomou novamente da palavra: “Também estou de acordo que não se fale de questões partidárias nesta assembleia. Se esta moção for aqui votada (…) se me autorizarem os senhores deputados, nomeadamente, a senhora deputada Fátima Andrade que foi porta-voz, irei tomar uma posição e abandonarei a assembleia”.

Posto isto, Fernando Carvalho, presidente da AMV, decidiu que a mesa aceitaria a moção e decidiu colocar à consideração dos deputados a votação da mesma. Com isto, a moção acabou por “morrer na praia”, já que a coligação PSD/CDS-PP, a CDU e Armando Silva – deputado socialista – votaram contra a votação da moção. Os restantes membros do PS votaram a favor.

 

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