Terapia da Fala: Quando procurar?

Ana Luísa Ribeiro e Patrícia Fernandes

2018-02-15


É fundamental que enquanto pai, cuidador ou educador tenha em atenção alguns dos sinais que poderão identificar alterações no desenvolvimento da sua criança: 
- Até aos 18 meses (1) compreender um número reduzido de palavras ou frases; (2) não reagir ao «não»; (3) não identificar pessoas presentes no seu quotidiano através do olhar/apontar; (4) não responder ao seu próprio nome; (5) não produzir todas as vogais nas diferentes posições das palavras.
- Entre os 18 e os 24 meses (1) não for capaz de cumprir ordens simples; (2) regredir na aquisição da linguagem ou se este desenvolvimento estagnar; (3) não produzir consoantes como o /p/, /b/, /m/, /t/, /d/, /n/, /nh/, /c/, /g/, /v/, /f/.
- Entre os 2 e 3 anos (1) não identificar partes do corpo através do apontar; (2) utilizar apenas palavras com estrutura silábica simples - «papa», «bola» - e não combinar duas palavras; (3) não produzir consoantes como /s/ e /ch/.
- Entre os 3 e 4 anos (1) não compreender conceitos de quantidades e tamanhos - «pouco»/«muito», «grande»/«pequeno»; (2) usar frases curtas; (3) não ter um discurso percetível para estranhos; (4) não produzir consoantes como /ch/ em final de sílaba e /rr/; (5) gaguejar há mais de 6 meses, de forma contínua e com sinais de tensão física.
- Entre os 4 e 5 anos (1) não nomear as cores; (2) não produzir /r/, /z/ e /j/. 
- Entre os 5 e 6 anos (1) não for capaz de contar um acontecimento; (2) não compreender noções temporais e espaciais; (3) Não usar frases com mais que uma ideia; (4) não produzir /l/ em início e final de sílaba e /lh/. 
- A partir dos 6 anos (1) necessitar de repetições para perceber aquilo que lhe foi transmitido (ordens complexas); (2) tiver dificuldades nas rimas e em distinguir os sons das palavras; (3) tiver dificuldade em segmentar palavras simples; (4) escrever com erros - trocas de sons s/z, ch/j, d/g, f/v, l/r, t/d; (5) escrever com omissão de letras. 
A permanência de hábitos orais de forma prolongada acarreta consequências nocivas para o desenvolvimento da criança. Na próxima crónica iremos definir quando é que esses hábitos devem ser extintos, de forma a não provocarem alterações nas estruturas orofaciais e respetivas funções.