Editorial 17 de janeiro de 2019

Fátima Anjos

2019-01-17


Mais do que estar focado nas próximas eleições – Europeias e Legislativas – o Governo deste país deveria estar muito mais concentrado e, principalmente, muito mais disponível para dialogar com os municípios no que concerne ao processo de delegação de competências que se encontra em curso.
Corre-se o risco de, mais uma vez, se criarem leis desenhadas a “regra e esquadro” e que, em muitos casos, não se coadunarão com as realidades de muitos concelhos, alguns deles temerosos do que aí vêm, principalmente, por recearem se vir a deparar com dificuldades de gestão e até de tesouraria caso digam “sim” aos desafios agora lançados pelo Governo. Um receio que é despoletado pela falta de informação, que tem vindo a ser referida pelos autarcas deste nosso Portugal, e pelos timings – curtos – que obrigam a tomadas de decisão, que poderão acabar por ser precoces.
Não há dúvidas de que é o poder local aquele que está mais próximo das populações, sendo aquele que é mais capaz de dar resposta às suas necessidades, estando, por isso, o desenvolvimento do nosso país e, sobretudo, a melhoria das condições de vida inteiramente ligadas com a sua atividade que, por sua vez, está, na sua maioria das vezes, dependente dos pacotes financeiros da Administração Central.

Ter proporcionado um debate mais amplo e participativo sobre esta matéria significaria fazer política. Tal como devia ter acontecido já no tempo de Passos Coelho, quando se decidiu avançar com uma Reforma Administrativa, cujas alterações levadas a efeito, sob raras exceções, produziram efeitos muito pouco significativos. 
Aliás, uma reforma que o atual Governo prometeu reverter neste mandato, mas não há sinais evidentes de que tal se irá verificar até outubro.

Sim, isto era fazer política. Mais do que iniciar um ano de eleições com um conjunto de boas novas, que se terão imposto como necessárias quando o objetivo da maioria absoluta parece estar cada mais longe. Já estará a pensar António Costa, enquanto Centeno faz contas, quanto custará aos próximos quatro Orçamentos novas cedências com os partidos mais à esquerda.
Isso será “política à moda da geringonça”. 

Já mais à direita, enquanto um se finge de morto – porque sabe que as próximas não são para ganhar - o outro decidiu que avança agora ou é esquecido para sempre. Os egos sempre à frente do interesse dos eleitores que têm deixado sinais claros de que não é isto que querem para a política, ora vejamos, os números da abstenção ou o crescimento dos movimentos independentes nas últimas Autárquicas.
Também não me parece que sejam fãs do MEL.
Os portugueses querem duas coisas muito importantes: uma política de verdade e verdade na política!