Como vai o nosso mundo...

Fátima Anjos

2020-01-09


O Irão lançou na noite desta terça-feira uma salva de mísseis sobre bases com militares norte-americanos no Iraque em retaliação pelo assassínio por Washington na última sexta-feira do seu mais importante general, Qassem Soleimani, fazendo recear uma escalada de violência, cujas proporções serão, nesta altura, impossíveis de prever.

Este não é o mundo em que queremos viver e por muito que nos pareça lá longe será pelo futuro da humanidade, tal e qual a conhecemos, que devemos temer. Perante uma guerra que não nos pertence mas que nos pode ferir, seria de ponderar seriamente, na minha opinião, a retirada das tropas portuguesas do território iraquiano.

Entretanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou esta quarta-feira à contenção no Médio Oriente, considerando que a situação atual tem consequências muito para lá da região, expressando a convicção de que a onda de tensão entre os Estados Unidos e o Irão afetará não só o Médio Oriente mas também a Europa e o mundo, considerando por isso importante que a União Europeia promova, "à sua maneira" o diálogo na região. Será uma missão difícil perante o extremar de relações e as caraterísticas intrínsecas a cada uma das lideranças.

Quando no passado conflitos como o atual nos pareciam tão longe, hoje com a informação ao minuto e as distâncias encurtadas por vários meios, faz-nos parecer que é já ali.

Além disso, o desenvolvimento da indústria bélica e a existência de armamento nuclear, declarada ou não, cria em nós o receio das consequências deste conflito nas nossas vidas. Não dá para fingir de que não é nada connosco, porque a pergunta que se segue é mesmo esta: “O que vai acontecer a seguir ao ataque iraniano desta terça-feira?”

Não basta que organismos como a NATO ou o Ministério dos Negócios Estrangeiros condenem os ataques do Irão a bases americanas, terão também de usar a mesma medida perante os atos assumidos pelo outro lado, caso contrário, assistiremos a um reforço do entusiasmo de um dos protagonistas ao mesmo tempo que alimentaremos o ódio do adversário que, por sua vez, reunirá os seus aliados. A possibilidade para o diálogo será cada vez mais uma miragem.

E tudo isto para quê? Para melhorar a minha ou a sua vida? Para melhorar a vida dos iranianos, iraquianos ou até dos americanos? Também não me parece. Uma guerra de poder que mexe como tudo aquilo que faz cegar os Homens.

É triste. Há dias em que é difícil ter esperança num mundo melhor.