Fecho de confeção deixa no desemprego 42 trabalhadores

Sindicato diz que empresa de Vizela apresenta passivo de 500 mil euros à Segurança Social.

A “Linhas Fluídas” dedicava-se, há 12 anos, à confeção de camisas, tendo cessado atividade na última sexta-feira, dia 08. Aos trabalhadores ficou por pagar o salário de outubro e oito dias de trabalho relativos ao mês de novembro. O sindicato fala de um passivo de meio milhão de euros à Segurança Social, acusando a administração de “gestão ruinosa”.

A confeção laborava na Rua da Saudade, na freguesia de Caldas de Vizela, junto ao cemitério de S. João. De acordo com Francisco Vieira, do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, esta era uma empresa que já vinha sendo acompanhada e cuja situação financeira se terá agravado no último ano, principalmente, no que dizia respeito ao pagamento das retribuições aos seus trabalhadores: “Não recebiam a tempo e horas e estavam a ficar cansados, aliás, o mês de setembro, na sua totalidade, só ficou pago em finais de outubro”.

Passivo à Segurança Social rondará os 500 mil euros

Defende o responsável sindical que, em causa, “nunca esteve falta de encomendas” mas antes um caso de “gestão ruinosa”, que culminou num passivo à Segurança Social que rondará os 500 mil euros. “É caso para perguntar: será que alguma vez pagaram os impostos à Segurança Social? Não aconteceu nada até a determinada altura, porque agora estava a acontecer. A Segurança Social e a Autoridade Tributária estavam a dar ordens de penhoras eletrónicas aos clientes da empresa “Linhas Fluídas” e estes eram obrigados a cativar os pagamentos”, afirma Francisco Vieira, em declarações à Rádio Vizela, acrescentando que a empresa deixou de ter liquidez para assumir os custos de produção, nomeadamente os salários.

Tendo presente a dificuldade da entidade patronal em dar a volta à atual situação financeira, os trabalhadores decidiram iniciar na última sexta, um período de greve, avisando que o mesmo só terminaria aquando do pagamento da totalidade do mês de outubro. Sabiam que corriam o risco da empresa fechar nesse mesmo dia, situação para a qual Francisco Vieira afirma ter alertado, no entanto, o sindicalista diz que os trabalhadores sentiam já que o esforço realizado era inglório e que o melhor seria concluir este processo.

Assim também terá entendido a administração da “Linhas Fluídas”, com a qual já tentamos contactar mas até ao momento sem sucesso, que comunicou ainda na sexta-feira, o encerramento da empresa, uma vez que, diz Francisco Vieira, “não havia dinheiro para pagar os salários de outubro”.

Foi já ontem, segunda-feira, que os 42 trabalhadores, 40 mulheres e 2 homens, se inscreveram no Instituto de Emprego e Formação Profissional e, apesar da dívida à Segurança Social, a empresa enviava mensalmente a folha dos trabalhadores não estando em causa a sua Proteção Social. “E tudo faremos para que sejam ressarcidos dos seus direitos”, afirma o dirigente sindical.

Sindicato afirma ter existido “gestão ruinosa”

Já o processo de insolvência seguirá agora para tribunal. Francisco Vieira afirma não ter dúvidas de que estamos perante “um caso exemplar de gestão ruinosa”: Há responsáveis para esta situação. É pena que o Estado português tenha permitido que esta situação chegasse onde chegou, um passivo de meio milhão de euros. O têxtil e o vestuário não está, neste momento, “no melhor dos mundos” mas este encerramento nada tem a ver com falta de trabalho. Aqui o problema chama-se passivo. Faz lembrar os anos 90, em que as empresas quando batiam no fundo tinham milhões de contos de passivo à Segurança Social”.

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